Culturalmente, em nosso país, falar sobre finanças ainda é tabu. Quanto você ganha, no que gasta, onde investe. Tudo isso é considerado vida privada, informações sigilosas a esconder dos seus amigos, familiares, companheiros, empregadores e, na maioria dos casos, até de si mesmo. Essa forma de encarar o dinheiro acarreta problemas para todos, pois uma vez que a realidade é desconhecida, as suposições entram em campo e o conhecimento, que poderia ser compartilhado para auxiliar na prosperidade de todos, é detido por uma minoria.
O contexto da pandemia do coronavírus expõe ainda mais a necessidade de uma reserva e de uma educação financeira tanto para empresas quanto para colaboradores. A grave crise sanitária e econômica, que atinge o mundo, mostra que prever o futuro é tarefa impossível, mas estar preparado para adversidades é uma precaução essencial. O capital de giro e as reservas de emergência são agora a diferença entre quem vai permanecer no mercado e quem, provavelmente, vai quebrar ou adquirir ainda mais dívidas.
Segundo dados da ANBIMA, 33% dos brasileiros conseguiram guardar dinheiro em 2018. O perfil de quem economizou é representado por homens (60%), com Ensino Médio (48%) e idades entre 16 e 34 anos (50%). Ainda conforme o relatório, Raio X do Investidor Brasileiro 2ª edição, a poupança continua sendo o produto preferido entre os investidores: 88% dos brasileiros guardam dinheiro na caderneta. Com larga distância da poupança, o segundo produto mais utilizado pela população investidora é a previdência privada, com 6%, seguida de títulos privados (5%) e fundos de investimento (4%).
Os dados levantados demonstram, com clareza, como a diferença social, a desigualdade de gênero e a falta de conhecimento impactam e limitam as escolhas financeiras dos brasileiros. Em nosso país, 41% da população adulta vive com endividamento crônico, mesmo assim, é possível afirmar que estamos em um bom momento no que toca à educação financeira. A informação está acessível na internet, na TV e, recentemente, até nas escolas. Quem desejar aprender a economizar e a investir pode contar com inúmeros perfis no YouTube e em outras redes sociais, que compartilham, diariamente, conteúdos gratuitos, didáticos e informativos para todos os níveis de investidores.
O consultor financeiro Gustavo Cerbasi é um desses nomes que traduzem muitos dos termos do mercado, e define: "Inteligência financeira é saber fazer escolhas inteligentes que produzam efeitos positivos por mais tempo com base filosófica, autoconhecimento e entendimento da sociedade". Partindo da definição de Cerbasi, queremos convidar você, líder, gestor ou empreendedor, que é responsável pelo bem-estar da sua equipe, a pensar com a gente sobre como a vida financeira do seu colaborador pode melhorar e, consequentemente, trazer impactos positivos para a empresa e para a sociedade como um todo.
Tempo é sempre dinheiro
“Time is money” é uma daquelas verdades incontestáveis, mas nem sempre estamos atentos ao tempo gasto por uma pessoa endividada para tentar resolver os seus problemas financeiros. Segundo um levantamento da Blue Numbers, os funcionários endividados podem utilizar até uma hora de seu dia (horário comercial) na tentativa de negociar dívidas. O estresse causado pelas mensagens de cobrança dos credores, seja via WhatsApp, ligações ou e-mails, tira o foco do trabalho e causa, um mal-estar geral para a pessoa que precisa controlar suas emoções e esconder a sua situação. A dívida é encarada como uma vergonha, evitando, muitas vezes, que a pessoa busque orientação e ajuda.
A necessidade de empréstimos, busca de alternativas para renda extra, escolhas de instituições que não solicitem garantias cadastrais, venda de bens e outras ações necessárias podem tornar a rotina do colaborador endividado ainda mais conturbada, resultando em problemas de saúde físicos e emocionais.
O estudo da Blue Numbers traz também um exemplo bem palpável de como esse cenário impacta nas organizações: no caso de pequenas e médias empresas, se 20% dos funcionários estiverem com problemas e gastarem uma hora por dia para resolvê-los, a empresa perderá 2,5% de sua capacidade produtiva.
O que a sua empresa pode fazer para melhorar as finanças de todos e aumentar o rendimento da equipe?
Se por um lado, o colaborador preocupado com sua situação financeira tem baixo rendimento, aquele que está satisfeito com suas condições salariais tem tranquilidade e segurança para desempenhar suas funções com entusiasmo durante o período de trabalho.
Uma boa referência é a atitude de Dan Price, proprietário da Gravity Payments, que, em 2015, foi reconhecido por ter aumentado o salário de seus 120 funcionários para US$ 70 mil e ter cortado US$ 1 milhão do próprio pagamento. Segundo a BBC, a qualidade de vida da equipe Gravity teve excelentes indicadores: a compra de casas entres os funcionários mudou de 1% para 10%, 70% quitaram suas dívidas e dobraram voluntariamente o investimento em seus próprios fundos de pensão.
Embora seja um exemplo inspirador, nem sempre as companhias têm condições de gerar incrementos salariais tão significativos, especialmente em anos de crise e se não houver um bom planejamento financeiro. Mas isso não impede que alguns valores básicos sejam mantidos por sua empresa, como a igualdade salarial entre homens e mulheres que ocupam os mesmos cargos, a disponibilização de benefícios como vales refeição e transporte e descontos em planos de saúde e estabelecimentos, tudo isso conta na qualidade de vida do colaborador. Se a política da empresa permitir, a participação nos lucros também é um ótimo incentivo que amplia a responsabilidade coletiva. Mas além dessas medidas já conhecidas e aplicadas por muitas organizações, como ir além?
A chave é a educação financeira. É preciso abrir espaços de diálogo e capacitação para que esse assunto seja abordado na empresa. As pessoas precisam revisitar seus objetivos e propósitos para realizarem boas escolhas. Segundo a fundadora do Me Poupe!, a jornalista Nathalia Arcuri, "Quando você tem metas, você sabe quais são os seus propósitos de vida. Quando você tem propósitos, os seus objetivos ficam mais claros, você tem facilidade para enxergar suas prioridades, o que é realmente importante pra você. E quando você sabe o que é realmente importante pra você, você gasta menos tempo e menos dinheiro com aquilo que não é importante".
A urgência em ressignificar a relação com o dinheiro está desde a forma como pensamos em economizar, deixando para guardar caso sobre algo e não encarando a reserva de emergência, os investimentos e outras seguranças financeiras como algo fixo e constante. Thiago Nigro, popularmente conhecido como Primo Rico, traz uma valiosa dica nesse sentido: "Não deixe para investir o que sobra depois de gastar, deixe pra gastar o que sobra depois de investir".
Para oferecer uma solução aplicável a esse momento, desenvolvemos um curso exclusivo para empresas, com foco em pessoas assalariadas que queiram melhorar a forma de lidar com o dinheiro e controlar de maneira profissional as finanças pessoais. O administrador e analista financeiro da Nômade, Felipe Grego, ressalta que "a autonomia sobre as finanças pessoais é uma ferramenta de alto impacto, que gera resultados para o indivíduo e para todos meios em que ele atua, incluindo o trabalho na empresa".
O programa Saúde Financeira é uma versão pocket da nossa consultoria, queremos contribuir para desbloquear transformações em sua empresa. Podemos aprofundar nosso suporte, de acordo com a sua necessidade, o importante é começar. Fale com a gente no Whatsapp.
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