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O que é Cultura do Design e como ela pode potencializar processos de inovação?

Atualizado: 3 de jul. de 2020


A Cultura do Design vem se tornando cada vez mais pertinente para os modelos atuais de negócio e para os chamados “profissionais do futuro”, que atuam a partir de uma visão sistêmica nas organizações.

O olhar de projeto, principal característica da Cultura do Design, pode potencializar os resultados em diferentes situações a serem solucionadas nas empresas, especialmente quando estão relacionadas a processos de inovação.

Para aprofundar o assunto, sua importância e aplicação na prática, nada mais adequado do que uma profissional do Design. Por isso, Aline Cereja, que é Designer na Nômade, esclarece as principais questões acerca da implementação da Cultura do Design nas empresas nesta entrevista. Confira:

O que é a Cultura do Design nas empresas?

Primeiro temos que falar de cultura, para depois falar de design.

A questão da cultura, está mais dentro de um viés da antropologia, digamos assim.

Ela é um conjunto de comportamentos, de práticas, de costumes, de leis. De como um grupo x funciona e opera.

O Design que a gente vê hoje no Brasil, principalmente nas graduações, origina do desenho industrial, que veio com a Revolução Industrial. Depois que veio a Revolução Industrial, começou-se a produzir muita, muita coisa. Depois, surgiram questionamentos: “Estamos criando esse monte de coisas por quê? Para quem? Como as pessoas estão consumindo isso? Como é que isso está funcionando? Como estão acontecendo essas relações?”.

Eu estou fazendo um grande resumo da história, mas foi mais ou menos assim que veio esse pensamento do que se chamava antigamente de "desenho industrial", que é justamente pensar e criar por projeto. Difere muito dependendo da metodologia, mas vai incluir momentos de: ideias, criação, desenvolvimento, pesquisa, implementação. E, principalmente, ver o comportamento da sociedade como um todo.

A Cultura do Design e o fazer do Design é esse olhar de projeto. Se eu tenho algo a ser resolvido, não necessariamente pode ser entendido como problema. Para esse algo ser resolvido, exige um pensamento de projeto: eu tenho que analisar, pesquisar, criar, prototipar, fazer testes para ver como as pessoas reagem aquilo e saber se funciona. O formato de projeto, que vai se colocar, independente do lugar e do que estiver sendo feito, terá uma metodologia por trás, com etapas. A Cultura do Design tem a ver com isso.

Por que a cultura do design é importante no mundo contemporâneo?

Sempre que você tem pessoas interagindo e processos acontecendo, a Cultura do Design pode ser usada para resolver diversos desafios. A prática de pensar por projeto ajuda a dar velocidade, testar ideias. É adaptável a qualquer contexto.

Quais são os principais benefícios da Cultura do Design para as empresas?

São muitos benefícios, dentro de um contexto contemporâneo. Principalmente se for analisar o futuro do trabalho. Antigamente, se falava em profissional em Y, ou era especialista ou generalista. Hoje se fala do profissional W, que é justamente esse profissional que trabalha por projeto. Cada vez mais, as pessoas precisam ter uma abordagem generalista para solucionar problemas, sejam eles quais forem. O principal benefício de implementar na organização é desenvolver profissionais que conseguem ter um distanciamento para acompanhar as diversas partes e entender o que está acontecendo. É a famosa visão sistêmica, a visão do todo, uma habilidade super requisitada. Significa conseguir ver a situação de fora da sua bolha, sem tapa-olhos. Perceber o todo.

Outro benefício, principalmente nos projetos em quem a Nômade trabalha, é o desenvolvimento da visão mais humana, de observar o comportamento das pessoas, como as relações se dão. Para que se possa de fato criar algo novo. Por exemplo, quando há um erro de processo, de gestão, estamos falando de comportamento humano. Então, toda essa visão, o Design traz, o Design centrado no ser humano. Isso agrega bastante. Muitas vezes, as pessoas estão no seu modo de ação automático, esquecem de dar esse distanciamento e de levar em conta essa cultura, esse comportamento humano que está por trás de qualquer empresa.

Em quais tipos de organizações é interessante desenvolver a Cultura do Design?

Toda empresa que tenha processos e pessoas pode viver um processo de ser inserida na Cultura do Design. E especialmente empresas que tenham vontade de implementar melhorias e inovação.

Que tipos de profissionais podem implementar a cultura do design?

Quem tem a capacidade de implementar é o designer em conjunto com os profissionais da empresa. Qualquer área da organização pode implementar, mas, , de forma geral, normalmente são pessoas que desempenham papel de liderança, por ter uma visão mais abrangente do negócio.

As áreas que mais buscam são áreas de inovação, de P&D, de marketing, comunicação, Desenvolvimento Humano.

É possível implementar a Cultura do Design sem desfocar do negócio?

Acho que não tem como não considerar isso. A partir do momento que se tem essa compreensão de todo o processo, o projeto vai ser desenvolvido com base em gerar algum tipo de resultado para o negócio. Quando se trata de resultado, ele vai ser diferente para cada empresa: melhor desempenho das pessoas, maior otimização do tempo, resultado financeiro.

Quando se fala da Cultura do Design dentro da organização, já vai se estar pensando no resultado, no que é resultado para aquela empresa. Quando se começa um projeto, o resultado já é uma das partes do projeto. Por isso, só não vai ter resultado se o projeto de Design for mal concebido.

Na prática, como a Nômade implementa a Cultura do Design junto a seus clientes?

Vou dar alguns exemplos para tangibilizar. A gente entra muito dentro de um contexto da estratégia do negócio, trazendo a visão estratégica, que é uma das nossas bases.

Olhando os processos, algumas vezes é preciso mudar a forma como a empresa opera.

Um exemplo recente é o case da Nike (https://www.estudionomade.com.br/case-nextgen). Tinha um grupo de dez lideranças, treinadas para altas diretorias. Fomos contratados pelo RH para ter uma parte de desenvolvimento humano. Contemplava o desenvolvimento individual e coletivo dessas pessoas, mas também os desafios de negócio que eles tinham.

O presidente da Nike do Brasil foi quem lançou as problemáticas a serem solucionadas. Para que eles pudessem pensar nesses desafios de negócio, nós levamos todo nosso conhecimento de Cultura de Design. Essa possibilidade de pensar todo o contexto.

Teve uma etapa que era de entender o contexto. Convidamos alguns líderes a fazer uma observação participante, entender como é a experiência do usuário, saber quando o cliente coloca o pé dentro da loja, como ele é tratado, descobrir o que vai despertar interesse. Foi uma das coisas que a gente teve um feedback bem positivo.

Teve todo um trabalho de netnografia (etnografia digital), fizeram várias pesquisas para ver o que estava sendo feito relacionado ao contexto dos desafios de negócio que deviam ser solucionados. Depois, em dado momento, foi importante reinterpretar o problema e entender o foco (debriefing).

Após um processo mais criativo, desenvolvimento e testes. Além dos perfis comportamentais sendo traçados em paralelo.

Nós juntamos muito Psicologia Sistêmica com o Design. Não tem como viver um processo de transformação sem cuidar do desenvolvimento humano.

Quando acabou o processo, as lideranças trouxeram o feedback de que a experiência e o contato com a Cultura do Design que a a Nômade levou, fez com que eles conseguissem se descolar da sua área e enxergar o negócio como um todo. Um olhar muito mais assertivo em relação às estratégias do negócio e pensar nas pessoas e nos consumidores com soluções mais acertadas.

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